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Influência do Desporto no Sucesso Escolar

  Nos dias que correm, são notórias as alterações nos estilos de vida das crianças e jovens, derivado de uma contínua e crescente industrialização. Desta forma, o sedentarismo aliado à ausência de Atividade Física(AF) é um grande problema da atualidade. 

  As pessoas têm vindo a dar maior importância àprática de AF, tendo em conta que esta tem efeitos benéficos, não só em termos de saúde, estão associadas a uma diminuição dos riscos de vir a ter doenças cardiovasculares, colesterole pressão arterialelevados e diabetes. Mas também ao nível da saúde mental, melhorando o estadode humor, produzem aumentos positivos na funçãocerebral e cognição, influenciando a performance académica (Singh, Uijdewilligen, Twisk, Mechelen & Chinapaw, 2012). O Department of Health and Human Services (2000), acrescenta que há um enriquecimento do reportório psicomotor e ajuda na prevenção e controlo de comportamentos de risco, como a dependência de substâncias ilícitas e a adesão de dietas pouco saudáveis.

 O American College of Sports Medicine (2006), refere que a AF é considerada como qualquer tipo de movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, que se traduza em gasto de energia.

  O desporto surge como um elemento importante para a formação de hábitos daprática desportiva ao longo da vida, como um elemento precursor dapromoção da saúde e, sobretudo como um elemento essencial para a melhoria do rendimento académico dos alunos. 

 O sucesso escolar está relacionado com o desempenho dos alunos, na obtenção de êxitos que cumpram com as normas académicas estabelecidas, colocando-os aptos a prosseguir os estudos. O insucesso escolar estáligado a problemas de reprovações, atrasos, abandonos, desadaptação, desinteresse, desmotivação, alienação e fracasso, aproveitamento, rendimento e comportamento escolar (Benavente, 1990).

  A implementação da escolaridade obrigatória e a definição de insucesso escolar emerge associada à organização das escolas em currículos estruturados, sendo necessário delinear os objetivos e metas de aprendizagem com o intuito de os alunos alcançarem a escolaridade obrigatória (Mendonça, 2009). 

  De acordo com a mesma autora, o insucesso escolar difere consoante as normas impostas por cada país. Por exemplo, enquanto que em alguns países nórdicos o insucesso escolar é visto somente como a desigualdade entre as reais capacidades do aluno e o benefício que este retira do ensino, juntamente com o abandono escolar, na Europa, o insucesso escolar está relacionadocom o abandono escolar, o número de retenções, adificuldade ou incapacidade de atingir os objetivos propostos pela escola, entre outros.  

  Existem variados fatores que afetam o sucesso e o insucesso escolar nomeadamente os fatores sociais ou externos (Formosinho, 1987; Marchesi & Gil, 2004), partem da educação e o apoio dados pelos cuidadores (ou a falta deles), os hábitos de vida, as atitudes, a cultura e as interações culturais que estabelecem, tudo isto influencia o desenvolvimento cognitivo das crianças e adolescentes.

 Nos fatores de contexto escolar (Roazzi & Almeida, 1988) pode-se salientar a dinâmica escolar e as políticas educativas, nomeadamente a organização do currículo, os métodos de avaliação, a existência de espaços escolares com qualidade, o próprio corpo docente, no que concerne à sua formação e solidez e, não menos importante a dimensão das turmas, são alguns dos aspetos que interferem com o rendimento escolar dos alunos. 

Os fatores pessoais (Almeida, et al., 2005) referem que a motivação, as competências, a própria postura dos alunos face à escola e à aprendizagem, vão interferir com o desempenho escolar. Almeida, Miranda & Guisande (2008), consideram também que o esforço é determinante para o sucesso ou insucesso escolar. Ressaltam que esta caraterística reflete a intensidade e energia que o aluno dispõe para conduzir determinada tarefa.

 Como já foi referido anteriormente, devido às alterações nos hábitos de vida das populações, os jovens parecem desistir rapidamente da prática desportiva, aumentado assim a tendência ao sedentarismo e à inatividade física(Byrd, 2007). Como tal, a prática de AF tem que ser encorajada desde tenra idade assim como elucidar os seus benefícios (Taras, 2005). Existem evidências que indicam que aprática de AF regular traduz-se em benefícios cognitivos a curto prazo, contribuindo para um maior rendimento escolar (Taras, 2005). 

  Foi realizado um estudo por Byrd (2007), onde concluiu que os estudantes que tinham um elevado nível de AF obtinham melhores resultados escolares, em termos gerais, comparativamente aos alunos que tinham um nível baixo de prática de AF. Esta ilação poderá estar relacionada com o aumento de neurotransmissores, como a serotonina, que estáassociado ao aumento do exercício físico.

 A prática desportiva dos jovens em idade escolar, quando regida por valores educativos e sociais, pode auxiliar na responsabilização dos deveres escolares e na melhoria do sucesso escolar (Soares, Aranha & Antunes, 2013).

Marsh (1992), acrescenta que as atividades extracurriculares, levam a um aumento do interesse do aluno face à escola e aos valores que esta possui, o que conduz indiretamente a um melhor rendimento académico. Este afirmou paralelamente que, as atividades promovidas pela escola podem contribuir para um maior envolvimento nesta, desenvolvendo atitudes mais favoráveis em relação às aprendizagens escolares.

 O apoio prestado pelos pais éum outro fator que os atletas apontam, segundo o estudo realizado por Zenha, Resende, Gomes (s.d.), pode ajudar na promoção de um bom rendimento académico. 

 De acordo com Gomes, (1997) existem diversos estudos no desporto acerca da influência parental no crescimento e desenvolvimento dos filhos. Os pais que não exercem demasiada pressão sobre as carreiras desportivas dos filhos, são aqueles que demonstram maiores níveis de divertimento e prazer na atividade desportiva. 

Por outro lado, a pressão dos pais e o receio por parte dos atletas relativamente a avaliações negativas, tanto dos parentes como dos treinadores, resulta numa das principais fontes de pressão e é um dos motivos pelos quais geram maior ansiedade antes de iniciarem determinada competição. 

 Em suma, os estudos e o desporto complementam-se e potenciam-se reciprocamente na formação do indivíduo quando éfeita uma boa gestão e organização do tempo que resultaránum fator importante no sucesso escolar. 

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Texto redigido por: Susana Berenguer

 

Bibliografia

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Almeida, L. S., Miranda, L. & Guisande, M. A. (2008). Atribuições causais para o sucesso e fracasso escolares.

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Byrd, J. (2007). The Impact of Physical Activity and Obesity on Academic Achievement Among Elementary Students. The Conexxions Project. Disponível em http://cnx.org/content/m14420/latest/.

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Gomes, A.R. (1997). Aspetos psicolĂłgicos da iniciação e formação desportiva: O papel dos pais. In J. F. Cruz, & A. R. Gomes (Eds), Psicologia aplicada ao desporto e actividade fĂ­sica: Teoria, investigação e intervenção (pp. 291-319). Braga: APPORT (Associação dos PsicĂłlogos Portugueses) - Universidade do Minho. DisponĂ­vel em [Available at] http://hdl.handle.net/1822/5337.

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Marsh, H. W. (1992). Extracurricular activities: Beneficial extension of the traditional curriculum or subversion of academic goals? Journal of Educational Psychology, 84 (4), 553- 562.

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Soares, J., Aranha, A. & Antunes. (2013). Relação entre os setores de prática desportiva, as modalidades desportivas e o aproveitamento escolar. Motricidade, vol. 9, n. 3, pp. 3-11.

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Taras, H. (2005). Physical activity and student performance at school. Journal Search Health, 75(6), 214-218.

 

Zenha, V., Resende, R. & Gomes, A. (s.d.). Desporto de alto rendimento e sucesso escolar: Análise e estudo de fatores influentes no seu êxito. Editorial y Centro de Formación Alto Rendimiento CD Colección Congresos Nº9. ISBN. 978-84-613-1659-5.

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